Batuque na Cozinha.

E quando eu acho que vou pirar,
Aí eu vou invento de cozinhar,
descobrir novos sabores, combinações e texturas,
misturo o que tiver na geladeira,
adoro o perfume da manteiga com a cebola,
perco horas sentindo o cheiro das coisas
tal qual feitiçeira, alquimista ou cientista
filosofo com as panelas
às vezes perco a mão do sal,
do açúcar
ou da pimenta.
Dizem por aí que é coisa de gente apaixonada.
Tenho cá minhas dúvidas...

Vers-ando

Minha poesia não tem forma
Elas saem dos muros e calçadas
Passa pelo pé descalço do menino
Se agarra nas saias
Despreza rimas ricas
Ou redondilhas falsas.

Orgasmo

 

Você cabe

milimetricamente

no meu

infinito.

Outdoor.

Na multidão de um homem só, fazia frio o ano todo. Sua alma vazia tinha esquecido que ainda cabiam poemas ou que as palavras circulavam por todas as veias até a aorta. Suas pernas cumpriam o percusso de todos os dias, não tinha tempo para pegar um caminho novo, preferia fotografar os carros. Quem se importa mesmo com as nuvens? Suas retinas fixavam a cor dos semáforos:pare, olhe, siga. Todos lhe davam ordens, até os objetos inanimados. Os anúncios, todos muito coloridos sugavam qualquer néctar de vida e transformava até os amores em algo fútil, demodê ou descartável.
Era só mais um atrevessando a avenida e o importante era não olhar pra trás, muito menos pra dentro de si.

Devorando a existência

Um ensaio,
um conto,
um ponto,
me conte de tudo,
me prometa o mundo,
ou um domingo com um pouco menos de melancolia...

Por meus versos passam tempos, cores, aromas e odores,


mas falta-me oxítonas e verbos,

calados e confusos não expressam o que quero.

Cabernet.

                                                                Um vinho
                                                                Tu vinhas
                                                                Pra me embriagar.

Nu Termômetro

Tempo frio

Corpo quente

Assim eu desatino.

mãos geladas,

 a percorrer o corpo... 

e nos delírios.

 Eu

Desatino!

respiração forte, 

pernas bambas,

 eu rezo, 

eu peço, 

na manha.

desabotoa a camisa,

 me paralisa. 

Eu 

Desatino!

E sobe aos poucos meu vestido

um corpo nu na cama

amassando os tecidos,

talvez estejamos em maus lençóis,

não me preocupo com isso.

Só

Desatino!

Vestindo a alma, 

descobrindo os sentidos,

 tu me desatinas, 

eu te desatino!

Nu emaranhado

De nós

Dois. 

Ana Agridoce e Tai Borges.

Galeria

Colecionar amores
Em gavetas abandonadas
Poemas de bom dia
e corações em brasa
Se dá inteira
Pro primeiro que passa
Depois o amor acaba
E fica a parede vazia
Daquele quadro surrealista
Dali em diante
Inventa um novo passo
Parte de um infinito
que não passa
Bate o pé quando quer
Teima em não dividir,
Mas aceito ser metade.

Colorindo minhas manhãs.

Entrou,
sentou,
ficou.
Deixou,
as cores,
o cheiro,
os cachos,
os traços,
o tom.
Levou,
minhas palavras,
num sorriso furta-cor.

Leminski e Alice Ruiz.

TransBordando

Eu


Além-mar

do teu

Ser

tão.

Saravá Rainha!

Ginga

Nzinga
Mulata menina.

Vem sambar,

suar,

desfilar,

No calor dos atabaques

Na força da tua cor,

Tem mandinga esse teu cheiro

Já me enfeitiçou.

Desordens.

Delírios,
bandidos malditos
invadem meus sonhos
cometo o delito 
de chamar teu nome.

Reza

Bendito seja o verso

que faz da rima

o trajeto mais curto

entre dois verbos.

Cara melo

Açúcar borbulha


Faz doçura

Na minha boca queimada.

Traços fluídos

Escrevendo

Corpo a fora

Mar adentro.

Felina

Fazer manha
De manhã
Acordar leão.

de madrugada.

versos tortos

vida amarga

inspiração é coisa rara.

acidentalmente

arrisco

rabisco

mesmo correndo o risco.