terça-feira, 21 de abril de 2009

Semana santa o caralho!


Tarde demais...
A frieza das paredes já tomara conta de toda casa,
Os cupins já roeram não só os móveis como a cara de pau do marido,
Suas desculpas não mais convenciam( alías nunca foram convincentes!), Ana já estava cheia dos problemas com o ar-condicionado, da crise financeira, e de ter que lavar os pratos depois do almoço.
Quando raramente parava alguns minutos em frente ao espelho, Ana dava-se conta dos anos que perdera embelezando um lar que nunca foi dela.Entre vassouras e fogões, ela esqueçeu dos livros de direito constitucional e da cinta-liga, não conseguira ser advogada, ao menos puta, casara cedo, aí vieram os filhos e Ana esqueçeu de alimentar seus sonhos...
...o marido de terno bem passado e sapato italiano, passava os dias a reclamar da sua vidinha medíocre, do seu falso brilhantismo,desfilava simpatia nas ruas ,mas em casa o único sentimento demosntrado era a felicidade dele ao assistí o jogo do Fluminense contra o Flamengo, e no dia que o tricolor ganhava, Ana poderia colocar sua camisola de renda e esperar os gols de placa do marido, na cama. Depois do clássico papai-e-mamãe, Zé voltava para a sala, e entre relatórios e manchetes do Fantástico, preparava os papéis para a segunda-feira no escritório.
Zé era um engenheiro atarefado, típico homem de quarenta anos, casado, dois filhos, casa própria, lasanha quatro queijos e coca-cola aos domingos e sexo por obrigação( com sua esposa, claro), uma vez por semana, salve excessões ás vitórias do Fluminense onde ele derramava seu gozo futebolístico por entre as pernas de sua mulher.
Cansada de rotina e da parasitagem do marido, a sugar suas últimas gotas de seiva, Ana aproveitou a semana santa, pra colocar os pecados em dia, tiraria enfim " a cruz das suas costas". Já tramara tudo, aproveitaria a ida ao supermercado e sairia pra sempre com o carro novo do marido, levando apenas as jóias de família , única coisa realmente valiosa dessa instituição milenar.
Depois de anos pilotando as maquinas de lavar e eletrodomésticos, ela agora levaria sua vida a 100 quilômetros por hora , atravessaria a Ámerica do Sul com a língua e nunca mais criaria raízes.

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